sexta-feira, 29 de maio de 2009

Em memória

Hoje eu devia até escrever um post legal, mas não sei lidar com certas emoções, não sei lidar com a morte.
As 4 e meia da manhã a REVISTA GLOBO RURAL perdeu uma colaboradora.
Suely Duval Gonçalves.
Quem prestigia a publicação sabe o tamanho da dor e da perda que sentimos.

Um poema de Cecilia Meireles

Canção Póstuma
Fiz uma canção para dar-te; porém tu já estavas morrendo.

A Morte é um poderoso vento.
E é um suspiro tão tímido, a Arte...
É um suspiro tímido e breve como o da respiração diária.
Choro de pomba. E a Morte é uma águia cujo grito ninguém descreve.
Vim cantar-te a canção do mundo,
mas estás de ouvidos fechados para os meus lábios inexatos,
— atento a um canto mais profundo.
E estou como alguém que chegasse ao centro do mar,
comparando aquele universo de pranto com a lágrima da sua face.
E agora fecho grandes portas sobre a canção que chegou tarde.
E sofro sem saber de que Arte se ocupam as pessoas mortas.
Por isso é tão desesperada a pequena, humana cantiga.
Talvez dure mais do que a vida.
Mas à Morte não diz mais nada.

Cecília Meireles, in 'Retrato Natural'

E a arte dela era escrever.
E escrever pra encantar
Pois tinha na voz o lirismo de suas palavras!
Falta. é o que vai fazer daqui por diante
E gravada na memória e nas páginas da revista para sempre!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Assim falava a canção

Tudo começou na Bossa Nova, nos idos de 1950, quando se reuniam casualmente grandes nomes como Nara Leão, João Gilberto, Ronaldo Bôscoli entre outros. Era hora de ouvir e fazer música.
Características marcantes estavam nas letras numa abordagem de temáticas leves, com tons suaves e simples onde valorizava-se primordialmente a voz de quem interpretava a canção.
O grande ápice da mudança Bossa Nova/MPB aconteceu em 1965, com a apresentação da música Arrastão, de Vinícius de Moraes, cantada por Elis Regina. Ali embarcávamos em histórias que ainda nos emocionam nos dias atuais.
Há quem diga que este gênero é apenas assunto de velho.
Antes fosse. A verdade é que diante de tantos anos passados, desde que a música virou cultura no país, ainda se faz fundamental.
As novas gerações ainda não perceberam a essência daquilo que já foi.
Elis Regina é diva. Nara Leão e Maisa juntas a dupla dinâmica.
Levante a mao aquele que nunca de imaginou numa “Casa no Campo” ou quis ser “Como nossos Pais”.
Tom Jobim e sua “Garota de Ipanema”, Vinícius de Moraes em “Eu sei que vou te amar”.
Está aí. As letras ainda ressoam. Homenagens, minisséries relembrar a vida e obra mais de 40 anos depois.
Aqui ainda temos o legado, Maria Rita e Pedro Mariano, frutos de Elis. Toquinho e sua “Aquarela” pintando Brasil a fora, e adentro.
Ze Rodrix resolveu se juntar a trupe na semana passada. E lá vai “A banda” passar.
Ah, se eu pudesse voltar, queria ter nascido lá, naquela década.
Mas inda tenho esperanças, meio que como protesto, que o futuro dessa terra ainda traga no sangue o fervor daquela época.
Que os que ficaram, como Chico Buarque, Caetano, Milton, Gilberto Gil, reacendam as luzes do grande “Circo Místico” que é o Brasil, e que com a “Alegria, alegria” desses pequenos sorrisos sejam “Caçador de mim” e façam um grande “Baião”.
Só assim ficarei em paz em saber que dei vida a minha “Beatriz”, e que ela será tão feliz como prometi dentro da minha barriga!
Que ecoem sempre as grandes músicas, que cantemos as melhores canções, e que as letras e versos já feitos sirvam de alento em todas as situações.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Livre e pronta!

Recarreguei todas as minhas energias este final de semana.
Não saí. E acreditem, desde sexta feira não havia acendido um cigarro!
Tudo bem, minha glória não durou muito...A segunda feira começou e eu já sinto o gosto amargo na boca!
Resolvi limpar as vidraças da minha existência, embaçadas pelo tempo. Tirei partes que já não seriam possíveis de reutilizar e consegui deixar transparente um sorriso mais claro.
Deixei de lado certos medos, da menina que ainda tenho em mim. Minha personalidade transmutada ainda me assusta um pouco.
Olhei no espelho e refletiu-se a imagem que eu sempre quis.
Nada será como antes!
Desconectei as tomadas de tristeza que as vezes vinham em volts fortíssimos a ponto de me derrubar e coloquei em prática o lema do meu jogo: ou eu ganho ou eu consigo, simples assim!
Percebi que deixei mesmo de ser lagarta. E que minhas asas já estão praticamente secas e já posso batê-las.
Darei meu primeiro voo rasante. É, pra que pressa?
Se demorei 24 anos dentro do casulo, que serão alguns dias ou meses até chegar lá no alto?
Minha perfeição está nos mínimos detalhes e minha chance é agora.
Meu maior passo, até o momento, está a ponto de ser dado!
E preciso de coragem, e mostrar minha garra.
Basta uma brisa ligeira e já estou lá.
CANETA EM PUNHO E ASAS PRA VOAR
Eu, que muitas vezes me escondi atrás de uma figura simples, agora estou pronta pra mostrar pra que estou nesse mundo.
No mundo das notícias, idéias, bizarrices, cultura, lazer. O mundo do entretenimento. O mundo jornalístico.
Já sou a número um em casa, como mãe da Beatriz. Meu orgulho, e eu o dela!
Conte até três e me veja ressurgir, de uma casca fina que eu era, até a raiz fincada no solo que serei daqui por diante!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Vento frio

Sinto o vento frio vindo das frestas da janela
E com ele vem forte um cheiro da terra molhada
Misturada a essência de baunilha
Das lembranças de outrora!
Minhas asas ainda estão coladas em meu corpo, mas sinto quererem se desprender
Ainda não estou totalmente segura para dar meu primeiro passo, ou levantar voo
Sinto cicatrizes ainda irrecuperadas, sinto o medo de bater asas e cair
Não sei fazer sozinha.
Feche a janela por favor!
Me coloque numa redoma e deixe minhas asas secarem
Sente e observe a chegada das cores
Diga-me se estou partindo cedo, ou se devo esperar
Faça seus comentários para saber quando posso de fato voar
Sou um ser em desenvolvimento e preciso de direção
Caminhos tortuosos me esperam, mas sei que os obstáculos que ali estão serão imprescindíveis para que eu possa crescer...
Vocês reles mortais sobem um degrau após o outro
E aqui, protegida, prevejo meus próximos passos, minha cartada final para seguir
Sei que adiante encontrarei o mel, o calor e uma brisa suave
Sei também que sem pressa conseguirei chegar
No topo da arvore mais alta!

Obscuro

Escuro, sombrio...

Não sei ao certo explicar essa sensação que me assombra desde as 3 horas da manhã.
Sim, acordei assustada como se tivesse perdido algo importante de mim
Olhei para o lado e lá estava ela, a razão da minha vida.
O dia amanheceu frio, as folhas traziam o sereno, e a roupa...bem, nem tive vontade de escolher...Abri o armário e me vesti.
Combinando ou não, tô aqui.
Acho que meu dia, que já começa intenso as 6 horas, só tomou forma e valeu a pena depois daquele beijo...
E depois de ouvir: "mamãe, eu te amo!"

É, a sexta feira iniciou-se, em seu ciclo, e eu tenho que continuar em frente!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Amadurecer

Crescer é fácil
Difícil é amadurecer.
Difícil é dar continuidade ao que a raíz plantada florescer
Difícil é conseguir discernir o certo e errado
Ser eloquente quando preciso
E sagaz na maioria do tempo
Crescer é fácil
É perceber que o sapato não lhe cabe no pé
Ou que a blusa encurtou em seus braços
Difícil é Amadurecer.
Difícil é conseguir entender a diferença das coisas
O tom da palavra
O fervor dos sorrisos
Eu cresci, na certa
Amadureci pedaços espaçados de mim
Guardo resquícios de criança, e poros envelhecidos.
Rejuvenesço as vezes
E quase sempre aamadureço de supetão!

Saindo do meu casulo


Não. Ainda não estou pronta.
Sou uma borboleta em metamorfose.
Me livrei da crisálida fria e senti o vento soprar em minhas asas.
E estas crescerão a medida em que eu, menina mulher, conseguir alcançar meus objetivos!
E estou pronta para o primeiro salto. Do mais simples ao mais longínquo.
E minhas idéias podem não corresponder de fato aos fatos, porque minha personalidade ainda persiste em modificações de minuto a minuto.
Sou um ser em transformação.
A aprendiz. A ouvinte.
Tenho opinião formada.Formadora de opinião.
Não dou o braço a torcer!
Ninguém nunca me viu...
Não como deveria, nem mesmo podiam
Eu estive sempre ali, sob uma transparência infinita.
Viam meu corpo, mas não me conheciam.
Passos largos e mancos os meus,
Diante de idéias famintas as quais não dei vida.
Matei-as. Sempre. E totalmente.
Não acreditei que pudesse ser de fato o que sou.
Decidi me livrar dessa farda menina
E vestir-me de vermelho mulher.
Ninguém nunca me viu...
Talvez pelo fato do cabelo amarrado,
Da calça desbotada e batom cor de boca.
Viam meu corpo, mas não reconheciam.
A grande poeta, mãe, jornalista.
A pequena notável ali escondida.
Eu sou, assim, assim é a minha imagem
Atrás disso tudo, da tela do computador, dos papéis as avessas, telefone tocando...
Incessantemente. Está uma Camila que ninguém nunca viu.
A garotinha aprendiz.
Eu vejo o mundo e os fatos da minha maneira,
Minha consciência retarda certos deslizes e me fazem cometer desatinos.
Desatinos, crônicas. Ficção e realidade.
Minha vida pra você.
Você leitor, escritor, senhor ou senhora.
Você criança, adolescente, banguela.
Ninguém nunca me viu...
Porque nunca quis aparecer.
Estou começando meu voo
E de agora em diante assistam-me
E renovem-se!Assim como eu!