Hoje eu devia até escrever um post legal, mas não sei lidar com certas emoções, não sei lidar com a morte.
As 4 e meia da manhã a REVISTA GLOBO RURAL perdeu uma colaboradora.
Suely Duval Gonçalves.
Quem prestigia a publicação sabe o tamanho da dor e da perda que sentimos.
Um poema de Cecilia Meireles
Canção Póstuma
Fiz uma canção para dar-te; porém tu já estavas morrendo.
A Morte é um poderoso vento.
E é um suspiro tão tímido, a Arte...
É um suspiro tímido e breve como o da respiração diária.
Choro de pomba. E a Morte é uma águia cujo grito ninguém descreve.
Vim cantar-te a canção do mundo,
mas estás de ouvidos fechados para os meus lábios inexatos,
— atento a um canto mais profundo.
E estou como alguém que chegasse ao centro do mar,
comparando aquele universo de pranto com a lágrima da sua face.
E agora fecho grandes portas sobre a canção que chegou tarde.
E sofro sem saber de que Arte se ocupam as pessoas mortas.
Por isso é tão desesperada a pequena, humana cantiga.
Talvez dure mais do que a vida.
Mas à Morte não diz mais nada.
Cecília Meireles, in 'Retrato Natural'
E a arte dela era escrever.
E escrever pra encantar
Pois tinha na voz o lirismo de suas palavras!
Falta. é o que vai fazer daqui por diante
E gravada na memória e nas páginas da revista para sempre!
Entrevista Lars Grael - RIO 2016
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