Porque eu não entendo...

Hoje faz um mês que cometi um pecado.

Ainda me refaço das dores. Dos estilhaços que minha alma se encontra.
Me sinto um lixo. Não reciclável. Podre. Amanhecido. Embolorado.

Estou remoendo lembranças ruins. Odeio isso!
Não sou um ser humano. Sou um monstro.
Se arrependimento matasse, minha hora teria chego há tempos.

"pra mim basta um dia, não mais que um dia, um meio dia"

Não posso voltar atrás.
Me pego imaginando como seria agora, se não fosse outrora.

Sinto que estou dentro de uma bolha prestes a explodir. Não sei meu fim.
E queria descobri-lo.

O tempo passa devagar e sorrateiro. O trânsito e minha vida, tudo em câmera lenta.

É o medo de seguir em frente, lutar por algo que eu realmente queira. E muito.

E o que eu quero?

Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa
Por favor Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água
(Chico Buarque) - e a música final do laboratório

Estou em pedaços, machucada, ferida.
E cismo em continuar me dando "chibatadas"
Não me aceito. Pronto.
Não aceito minhas condições nem o que fiz.

Essa letra ecoa em meus poros...imagens, sentimentos, sentidos. Horror! Raiva.
Minha deficiência imperceptivel aos olhos dos outros, é uma marca profunda que invade e me quebra.

Ninguém sabe o que necessito. Me julgam por eu poder fazer tudo e não saber atingir o limite máximo.
Eu me excluo. Me fecho. Me prendo.
Me julgam, e eu me condeno.

Já faz quase dois anos que não me sinto plenamente feliz. Não com a vida. Tenho uma filha maravilhosa. Mas comigo. Eu sou insuficiente e insignificante.

Quero morrer! Doses cavalares de adrenalina me faltam.
Falta vontade de tudo!

Me olhar no espelho causa nojo.
Falta deixar meus fantasmas, minha fúria.

Não sei quem ou o que sou.
E nesse momento, minhas lágrimas já não deixam nem descobrir quem gostaria de ser